segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Turismo e progresso em Maragogi





Nosso litoral será cada vez mais tragado pela lógica espacial da atividade turística (foto: Bandnews)

Se um turista hospedado em Maragogi, na divisa entre Alagoas e Pernambuco, conversar com as pessoas da região, especialmente comerciantes, constatará a grande expectativa de parte dos moradores locais em relação a duas grandes obras que redefinirão espacialmente o litoral nordestino entre Maceió e Recife: a construção do Aeroporto de Maragogi e a duplicação das rodovias AL-101 e PE-60. Quando essas obras serão executadas, ninguém sabe direito. Mas serão, pode apostar. No momento, o que se pode adiantar é que a sua proximidade imaginativa já impacta fortemente a ocupação historicamente desordenada desse que é um dos mais belos pedaços do litoral brasileiro.
Deslocando-se de automóvel de Maragogi para Maceió, esse mesmo turista não deixará de observar os outdoors gigantes, com imagens paradisíacas, anunciado a venda de lotes, apartamentos ou casas em condomínios fechados. Isso quando se aproxima da orla, pois, mais afastado dela, a rodovia corta a monótona paisagem da monocultura da cana de açúcar, com as plantações que quase não deixam nenhuma margem para o acostamento. De vez em quando, pequenos ajuntamentos de casebres e casas de taipa quebram a monotonia do verde da cana. Mas esse território, com as suas pequenas cidades que orbitam em torno das usinas de açúcar e seus insuportáveis resíduos, logo é deixado para trás, quando nos aproximamos mais de Maceió.
Que o nosso litoral será cada vez mais tragado pela lógica espacial da atividade turística, caso o país continue a crescer, essa é uma constatação trivial. Entretanto, não deixa de ser chocante testemunharmos como essa lógica, que devora paisagens e devolve espaços uniformes e ambientalmente depredados, está reproduzindo no litoral nordestino, com a substancial ajuda de recursos públicos, a mesma modernização excludente que marcou, por exemplo, o nosso desenvolvimento agrícola.

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