quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A pupila acesa de Lula Queiroga

Gal Rocha
Do Rio de Janeiro


Muitas águas rolaram desde 1983, ano em que Lula Queiroga lançou com o conterrâneo Lenine o LP "Baque solto". No início dos anos 1990, voltou para Recife, trabalhou como publicitário e montou a Luni, que, além de publicidade, produz programas para a TV, trilhas e filmes. Continuou a fazer música e a acompanhar a cena local que fervia com o mangue beat de Chico Science & Nação Zumbi. Em 2000, produziu o curta-metragem "Assombrações do Recife Velho", no ano seguinte lançou o CD "Aboaindo a vaca mecânica" e em 2004, "Azul invisível, vermelho cruel".
Depois do disco e turnê "Tem juízo mas não usa", de 2009, Lula lança agora "Todo dia é o fim do mundo", seu quarto álbum solo. Segundo o artista, a base do disco nasceu do questionamento de como o homem, apesar de sua fragilidade, chegou até aqui. Fala de sobrevivência, adaptação, perseverança. "Todo dia é o fim do mundo é sobre o apocalipse diário, o pequeno drama cotidiano", revela.
A gostosíssima Se não for amor eu cegue (Love), dele e de Lenine, abre o CD, pega de primeira e a faixa que dá nome ao disco, tranquiliza: "Não tenha pressa que o fim não é agora / Nem debaixo d'agua / nem com meteorito / Não precipito, chego perto do fogo / Pendurado na linha do carretel infinito". E assim, captadas pela pupila acesa do artista, as demais canções seguem numa profusão de ritmos, detalhes e imagens que instigam o ouvinte pela riqueza e qualidade.
Lula divide com o sobrinho Yuri Queiroga, que também tocou e compôs, a produção do álbum. A banda é integrada pelos irmãos Tostão (bateria), Nena (vocais) e Lucky Luciano (baixo). Luiza Possi participa do rock Padrões de contato. E na suave Poeira de Estrelas, as participações são de Vitor Araújo (piano), Marcelo Jeneci (sanfona e a marimba) e Vinicius Sarmento (violão de 7 cordas).
A bonita foto da capa é de Marcelo Lyra e o projeto gráfico do designer pernambucano Mateus Alves. "Todo dia é o fim do mundo" é uma produção independente do selo Luni e teve o mais que merecido investimento da Prefeitura do Recife através de leis de incentivo.

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